O crítico literário e professor da USP Antonio Candido (1918-2017) – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

Antonio Candido, no ensaio Direitos Humanos e Literatura, publicado em 1989 na coletânea Direitos Humanos e…, realiza uma reflexão profunda sobre a relevância da literatura como um direito fundamental inerente ao ser humano, argumentando que a literatura deve ser reconhecida como um direito básico, equiparável a necessidades essenciais como alimentação, moradia e saúde. O autor ressalta o papel vital da literatura na formação do caráter e na educação emocional e intelectual dos indivíduos. Segundo Candido (1989),

“a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo”.

Foto de página do livro.
Imagem: reprodução/do autor

Isso implica que a literatura, além de entreter, desempenha uma função educativa e fomenta a cidadania crítica e consciente. Candido também observa que a literatura serve como forma de resistência contra a opressão e a injustiça. Não obstante, é importante ressaltar que

“negar a fruição dela significa mutilar a personalidade e privá-la de formas necessárias de expressão de sentimentos e de organização do pensamento” (Betti, 2019, p. 57).

Ou seja, privar alguém do acesso à literatura é uma maneira de opressão, pois impede o desenvolvimento pleno do indivíduo. Ademais, Candido argumenta que a literatura possui a capacidade de humanizar e transformar a sociedade, uma vez que

“a literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas” (CANDIDO, 1989, p. 113).

Isso demonstra como a literatura pode ser uma ferramenta poderosa para a reflexão e a mudança social. Defende, portanto, que a literatura é um direito humano essencial, crucial para o desenvolvimento pessoal e social. Sua perspectiva amplia a compreensão do papel da literatura na sociedade, enfatizando sua importância não apenas como uma forma de arte, mas como um elemento vital para a dignidade humana.

 

REFERÊNCIAS

BETTI, M. S. (2019). Sobre “O direito à literatura”, de Antonio Candido. Literatura E Sociedade, 24(30), 56-63. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i30p56-63.

CANDIDO, A. Direitos Humanos e literatura. In: A.C.R. Fester (org.). Direitos humanos e… São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989.

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